tag:blogger.com,1999:blog-4698472369723844332024-03-13T14:48:29.672-03:00hero off-time · dethrone realityzé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.comBlogger127125tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-79507723219867619362011-02-18T23:16:00.002-02:002011-08-01T20:26:26.999-03:00funeral<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=fRcuBRMA2sU"><img border="0" src="http://i22.photobucket.com/albums/b341/Jack-Blackbird/Webs/clean%20reality/B00007G1ZC-048.jpg" /></a></div><br />
é isso, então. <br />
não tenho muitas flores pra deixar por aqui, nem música, nem muita alegria, mas<br />
<br />
acho que posso fingir que tenho. <br />
<br />
uma pedra em cima de você, blog. talvez as pessoas deixem flores.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-25493611908808327482011-02-09T19:15:00.000-02:002011-02-09T19:15:33.018-02:00by this river<div id="rangeSel">Here we are stuck by this river <br />
You and I underneath a sky <br />
That's ever falling down down down <br />
Ever falling down<br />
<br />
Through the day as if on an ocean <br />
Waiting here always failing to remember <br />
Why we came came came <br />
I wonder why we came<br />
<br />
You talk to me as if from a distance <br />
And I reply with impressions chosen <br />
From another time time time <br />
From another time.</div><div id="rangeSel"><br />
</div><div id="rangeSel"></div><div id="rangeSel"><br />
<div style="text-align: right;"><i><a href="http://www.youtube.com/watch?v=SrZYP8SzlN8">Brian Eno</a></i></div></div><div id="rangeSel"> </div><div id="rangeSel"> </div><div id="rangeSel">=( </div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-84032817843817401882011-02-03T00:47:00.000-02:002011-02-03T00:47:41.664-02:00contágiotire toda a roupa<br />
a camisa, o escudo, a borracha<br />
as algemas e o muro;<br />
precisamos-nos nus.<br />
esta é nossa primeira vez e deve ser em pelo.<br />
<br />
quero-lhe aberto<br />
esteja aberto, entregue e vulnerável<br />
trocaremos sangue;<br />
precisamos de contágio.<br />
esta é nossa primeira vez e deve haver riscos.<br />
<br />
visite-me sempre<br />
e nunca mais teremos terças-feiras e gripe<br />
mas primeiras-vezes<br />
e alegrias virulentas.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i>ontem mesmo, depois que deixei a terra.</i></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-39124003657311447322011-01-27T15:26:00.002-02:002011-01-27T15:26:56.840-02:00Num sonho estavam as bruxas<br />
verdes<br />
que os homens chamam de Lua não sei porque.<br />
Cobriam paredes, pilastras<br />
e a porta<br />
tudo uma imensa tapeçaria<br />
veludo verde claro e mil olhos<br />
que voaram quando chegamos perto<br />
e nos afogaram.<br />
<br />
Num sonho um mar estranho<br />
híbrido de trevos e asas verdes<br />
que chamamos de mar com a certeza de náufragos<br />
pesava-nos tudo.<br />
Em três folhas dum trevo comum<br />
contavam-se nossas palavras<br />
mar de pétalas soltas<br />
e de antenas de camurça arrancadas<br />
e de homens quebrados.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-18990131083926728372010-12-01T00:44:00.002-02:002010-12-01T00:47:12.060-02:00pensamentos (nem tão) soltosnenhum acorrentado é capaz de aceitar tranquilamente a liberdade do outro.<br />
ninguém que vive numa gaiola é capaz de apreciar a liberdade do outro sem invejá-lo.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-4901063977200849772010-11-25T14:22:00.001-02:002010-12-25T12:05:34.592-02:00desculpai-meDesculpai-me mas vou continuar a falar de mim que sou meu desconhecido, e ao escrever me surpreendo um pouco pois descobri que tenho um destino. Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">de <i>A Hora da Estrela</i></span></div><div style="text-align: right;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Clarice</span></i></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-75880274797653833282010-11-14T08:45:00.001-02:002010-11-19T10:39:34.843-02:00despedidaseu cheiro no meu casaco,<br />
seu telefone no meu bolso,<br />
por que você não está neste elevador?zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-5866288497999757202010-11-12T21:46:00.002-02:002010-11-14T17:11:33.671-02:00reflexo persistente de cabeloObservou de coração apertado as mechas azuis da transeunte à frente se afastarem, deixando-o para trás. Ele se perdia nos próprios passos e passava a vagar, encarando as costas da estranha como fossem costas muito conhecidas, num movimento de abandono definitivamente familiar.<br />
<br />
"Maldita moda. Maldita cor. Maldita tinta, maldita mania de pintar o cabelo", praguejou consigo e fantasiou ser o presidente daquele país, para que pudesse proibir, sob pena de morte aos dissidentes, que se tingissem os cabelos daquela maneira.<br />
<br />
Daquele dia cresceu pouco e se tornou o mais jovem Presidente da República Federativa até então eleito. Rodeado de homens e mulheres de confiança, em seu primeiro dia como a pessoa mais importante daquele país fez com que fechassem o Senado e as Câmaras deliberativas para que então pudesse baixar o decreto que proibia, sob pena de morte, às mulheres de tingirem os cabelos com mechas azul-cobalto. Assinou o papel aliviado e botou o rosto entre as mãos, sem chorar, como quem dá fim a uma batalha há muito iniciada.<br />
<br />
Foi acordado no dia seguinte pela multidão gritante que povoava a grande praça em frente ao palácio da República e que chegava na forma de um burburinho em seu quarto, no topo e no meio do prédio. Olhos arregalados e meio vazios, passos estalados até a janela, expressão afetada ao alcançar a sacada.<br />
<br />
De seu balcão, o Presidente da República dobrava os olhos e perdia o fôlego observando os milhares de manifestantes praça abaixo, com seus cabelos de um dia pro outro longos, lisos, pretos e cheios de mechas azul-cobalto. Fraco e mole como se subnutrido pela própria vida, apreciou cada uma como fossem milhares de fotografias de alguém que ele não via há muito (pessoalmente).<br />
<br />
Naquele dia - decidiu - cabeças haveriam de rolar.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-60387046271873715322010-11-10T21:18:00.002-02:002010-11-12T00:26:14.800-02:00reflexo pálido de manhão sono curto por tantos anos<br />
e hoje com isso de dormir<br />
o tempo justo, a cada dia<br />
<span style="color: white;">...........</span>- é inútil.<br />
<br />
um caixote azedo que aperta a cabeça<br />
um homem pesado que assume<br />
um par de olhos vermelhos sobre castanho<br />
<span style="color: white;">...........</span>- resultados inexplicáveis do descanso.<br />
<br />
dorme tão bem, mas<br />
onde conseguiu estas olheiras?<br />
onde conseguiu este inchaço?<br />
<span style="color: white;">...........</span>- tem chorado em sonhos por todas as noites.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-12318493694055378902010-10-30T00:44:00.000-02:002010-10-30T00:44:33.313-02:00hoje acabei com a garrafa de vermute que chegou em casa no dia em que te conheci. "te conheci", bem entre aspas - que falei contigo a primeira vez por tempo suficiente pra saber que você significaria algo.<br />
<br />
é engraçado.<br />
a garrafa acabou e isso significa absolutamente nada...zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-42585931936559647232010-10-22T23:35:00.000-02:002010-10-22T23:35:17.753-02:00hospiceWell no one's gonna fix it for us, no one can.<br />
You say that, "No one's gonna listen, and no one understands" <br />
So there's no open doors and there's no way to get through,<br />
there's no other witnesses, just us two.<br />
<br />
<br />
<br />
the Antlers.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-82082954684541705712010-10-20T05:21:00.003-02:002010-10-20T05:24:37.999-02:00passarinho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_lB0i2sQNDjc/TL6YMyQVLAI/AAAAAAAAAE8/uE4OF59OqUI/s1600/death-cab.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>Passarinho não canta,<br />
passarinho não come,<br />
passarinho não bebe.<br />
<br />
Passarinho anda triste.<br />
<br />
O que foi, passarinho?<br />
Mudam as penas, tens febre?<br />
Não te dou alface, alpiste,<br />
água clara? O companheiro?...<br />
<br />
Passarinho quieto, quieto,<br />
nas próprias asas se esconde.<br />
<br />
O companheiro levou-te<br />
a voz, a garganta, o bico?<br />
<br />
Enterraram-se com ele<br />
no lodo negro as escalas<br />
aéreas de trampolim,<br />
as teclas, o arco, o violino,<br />
e o piano de tua música?<br />
<br />
Era dele que te vinha<br />
a auréola, o entono, o donaire<br />
com que a cabecinha erguias<br />
a esfuziar azougue, prata<br />
líquida, com volutas<br />
e arrebescos de medalha?<br />
<br />
Era dele que te vinha<br />
o frêmito de ouro, o gozo<br />
de jóia, pérola a pérola<br />
no aveludado dos trinos?<br />
<br />
O arrepio de carícia<br />
longo, fino, contagioso<br />
de lua, de cisnes, de água<br />
descendo, em fio, a colina?<br />
<br />
Era dele que te vinha<br />
tudo isto, o sol, as estrelas,<br />
o brilho do canto, as quentes<br />
auroras na areia, ao vento,<br />
as espigas ondulando,<br />
musgos nascendo nas pedras,<br />
campos abertos, batidos<br />
de lavoura, nas soalheiras?<br />
<br />
Era dele que te vinha<br />
aquele vinho furtivo<br />
na espessura da folhagem,<br />
verde-jalde chuva, arco-íris<br />
de paina tênue, delícia<br />
de malvas brotando, sombra<br />
de cílios no rosto, espera<br />
do que vem trêmulo e próximo?...<br />
<br />
Passarinho quieto, quieto.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_lB0i2sQNDjc/TL6YMyQVLAI/AAAAAAAAAE8/uE4OF59OqUI/s1600/death-cab.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/_lB0i2sQNDjc/TL6YMyQVLAI/AAAAAAAAAE8/uE4OF59OqUI/s1600/death-cab.png" /></a></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;">A poesia é de Henriqueta Lisboa; a imagem é capa de um disco (ruinzinho) chamado Transatlanticism.</div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-29586528535137288402010-10-06T20:59:00.001-03:002010-10-06T21:01:02.655-03:0020<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_lB0i2sQNDjc/TK0NMWlcfQI/AAAAAAAAAE4/8LrVEkuyNgo/s1600/10reais.PNG" /></div><div style="text-align: center;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_lB0i2sQNDjc/TK0NMWlcfQI/AAAAAAAAAE4/8LrVEkuyNgo/s1600/10reais.PNG" /> </div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"> acho que me sinto mais duas de dez</div><div style="text-align: center;">do que uma de vinte.</div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-67011544127079782142010-10-05T21:03:00.000-03:002010-10-05T21:03:02.151-03:00O Navio de Espelhos<div style="text-align: center;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/gbT8l8YyORo?fs=1&hl=pt_BR&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/gbT8l8YyORo?fs=1&hl=pt_BR&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><br />
<div style="text-align: center;">O navio de espelhos</div><div style="text-align: center;">não navega - cavalga.</div><div style="text-align: center;">Seu mar é a floresta</div><div style="text-align: center;">que lhe serve de nível</div><div style="text-align: center;">Ao crepúsculo espelha</div><div style="text-align: center;">sol e lua nos flancos</div><div style="text-align: center;">Por isso o tempo gosta</div><div style="text-align: center;">de deitar-se com ele</div><div style="text-align: center;">Os armadores não amam</div><div style="text-align: center;">a sua rota clara</div><div style="text-align: center;">(Vista do movimento</div><div style="text-align: center;">dir-se-ia que pára)</div><div style="text-align: center;">Quando chega à cidade</div><div style="text-align: center;">nenhum cais o abriga</div><div style="text-align: center;">O seu porão traz nada</div><div style="text-align: center;">nada leva à partida</div><div style="text-align: center;">Vozes e ar pesado</div><div style="text-align: center;">é tudo o que transporta</div><div style="text-align: center;">(E no mastro espelhado</div><div style="text-align: center;">uma espécie de porta)</div><div style="text-align: center;">Seus dez mil capitães</div><div style="text-align: center;">têm o mesmo rosto</div><div style="text-align: center;">A mesma cinta escura</div><div style="text-align: center;">o mesmo grau e posto</div><div style="text-align: center;">Quando um se revolta</div><div style="text-align: center;">há dez mil insurrectos</div><div style="text-align: center;">(Como os olhos da mosca</div><div style="text-align: center;">reflectem os objectos)</div><div style="text-align: center;">E quando um deles ala</div><div style="text-align: center;">o corpo sobre os mastros</div><div style="text-align: center;">e escruta o mar do fundo</div><div style="text-align: center;">Toda a nave cavalga</div><div style="text-align: center;">(como no espaço os astros)</div><div style="text-align: center;">do princípio do mundo</div><div style="text-align: center;">até ao fim do mundo.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">~ ~ ~ </div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Vídeo produzido por Francisco Ribeiro, Gabriel Gomes; música por Rodrigo Leão. Texto e narração por Mario Cesariny.</div><div style="text-align: left;">Indicação de uma certa Cláudia.</div><div style="text-align: left;">Fantástico.</div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-43346591630351536022010-10-05T09:30:00.000-03:002010-10-05T09:34:32.877-03:00admiral fell promissesCome out from the burning fire, butterfly<br />
Let me lock you in my room and keep you<br />
For a while<br />
Could you be the answer to my every prayer?<br />
Could you be the one for who I care?<br />
<br />
Come into my arms and let your worries die<br />
Come out from the web of all your tangled lies<br />
But be true to me and I’ll be true to you<br />
Judge me not for what I’ve done but what I’ll do<br />
<br />
A million nights have led<br />
To this one that we are spending<br />
And I know it’s better here<br />
Than anywhere I’ve been going<br />
With every morning grew<br />
A void more wide and endless<br />
<br />
Come out from the burning fire butterfly<br />
Let me lock you in my room and keep you<br />
For a while<br />
You watch over me and I’ll watch over you<br />
And if you go tomorrow choke me ‘till I’m blue<br />
<br />
A thousand days have passed<br />
In this house she and I were sharing<br />
And I hate myself for it<br />
But I have stopped caring<br />
The Marilyn sky tonight<br />
Is so black and blue and beautiful<br />
<br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i><span style="font-size: x-small;">Sun Kil Moon</span></i></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></i></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: center;">~ ~ ~</div></div><br />
<br />
Esqueci de dizer que esse é pro Bernardo, que me apresentou a banda e brincou de transcrever a letra dessa música comigo.<br />
Ele faz aniversário hoje, aliás.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-31507840179099663272010-09-17T00:46:00.001-03:002010-09-17T00:52:21.363-03:00rilkeO amor constitui uma oportunidade sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo, tornar-se um mundo, tornar-se um mundo para si mesmo por causa de uma outra pessoa; é uma grande exigência para o indivíduo, uma exigência irrestrita, algo que o destaca e o convoca para longe. Apenas neste sentido, como tarefa de trabalhar em si mesmos ("escutar e bater dia e noite"), as pessoas jovens deveriam fazer uso do amor que lhes é dado. A absorção e a entrega e todo tipo de comunhão não são para eles (que ainda precisam economizar e acumular por muito tempo); a comunhão é o passo final, talvez uma meta para a qual a vida humana quase não seja o bastante.<br />
É aí que os jovens erram com frequência, gravemente: pelo fato de eles (faz parte de sua natureza não ter paciência alguma) se atirarem uns para os outros quando o amor vem, derramando-se da maneira como são, em todo seu desgoverno, na desordem, na confusão... Mas o que deve resultar disso? O que a vida deve fazer desse acúmulo de equívocos a que eles chamam de união e gostariam de chamar de sua felicidade?<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">das <i>Cartas a um Jovem Poeta</i>,</span></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-size: x-small;">Rainer Maria Rilke</span></i></div><br />
<br />
agradecendo ao Rilke pelas palavras<br />
e à Aninha pela indicação.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-16490756383802151242010-09-15T20:51:00.004-03:002010-11-24T08:52:11.025-02:00caféquando peguei Café no colo pela primeira vez.<br />
<div>tremia bastante, era uma filhota muito recentemente desmamada e saía de casa pela primeira vez. não soltava pêlos, não se mexia muito. </div><div>meu avô comentava sobre como as outras duas filhotas tinham cores mais claras: "esta é mate-com-leite, esta é café-com-leite. aquela ali", olhou pra fêmea no meu colo e concluiu "é só café".</div><div>olá, Café. </div><div>decerto você diria "Café é um nome bem picareta para um cachorro, Zé" e eu concordaria com você. "é", eu diria. "bem-vinda ao meu mundo, Café".</div><div>depois de inúmeras manhãs de domingo passeando nos parques e praças daqui, em menos de um ano estaria grande o suficiente para que eu te comprasse uma coleira mais confortável e toda noite que chegasse em casa, tarde da noite que fosse, te pegaria pra passear. os domingos se repetiriam nas áreas verdes: brincadeiras já memorizadas e minha voz familiar como a de um pai, não precisaria segurar sua coleira pra te fazer voltar pra perto; eu chamava e seu retorno era iminente e desembestado como a cadela boba e carinhosa que você se tornara com o passar dos anos.</div><div>e ao passar dos anos eu deixaria meu lar e você viria comigo, maiores as suas lágrimas em eu abandoná-la que as de minha irmã mais nova em perder a mascote da casa. um espaço maior e mais aberto, uma vizinhança nova, um cachorro igualmente bobo e vira-lata pra que você se enturmasse com os teus nas redondezas. a manutenção da rotina, os banhos sofridos de sábado e os passeios noturnos. seu brinquedo favorito, renovado uma ou duas vezes a cada mês por ser comestível e muito mais saudável que qualquer porcaria de plástico. </div><div>Café, você cresceu. se algum dia teve patinhas sujas eu logo percebia e te limpava, que as patas eram a parte caramelo do teu pelo quase preto e não era possível ignorá-las sujas; não raras as vezes que você as carimbava nas minhas roupas assim que eu chegava, e era meu dever relevar - quantas vezes não te dei abraços cheio de perfumes que não eram sequer parecidos com meus cheiros?</div><div>seu rabo longo e chicoteante, sempre abanando à menor vista do dono, sua orelha ligeiramente torta e rasgada por quando defendeu a casa d'um invasor qualquer (sobreviveu parcamente àquele dia, e foi o máximo que um cão faria por mim e quando choramos juntos aquela noite fui confidente e soube acreditar que era por mim que você o tinha feito).</div><div>não sei dizer, Café, como você ficou doente ainda anos depois e ainda depois de outras mudanças. chegaram os donos de sua mãe, nesse momento, e fiz em você uns últimos carinhos enquanto você lambia com calma os sonhos que me escorriam pelas mãos. olhei você nos olhos e você piscou de leve umas vezes. saudei-a em silêncio e me despedi não sei por quanto. "tchau, Café"; e entreguei teu corpo vivo, pesando poucos dias e uns sonhos de sobra, à mão de outro que te levou embora.</div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-28717868831407894122010-09-09T01:37:00.001-03:002010-09-09T02:16:08.181-03:00todos fazemos.e esta noite você está no meu chá.<br />eu, cansado pra tentar fazer algo bonito, novo ou poderoso.<br />eu, querendo desabafar porque seu cheiro sobe da xícara em formato de vapor.<br /><br />achei que alguma mágica ia acontecer quando eu despejasse a água fervente no copo. no fundo do vidro, partes das suas folhas secas; a coloração variava mas todo resto seu era pálido e escondia um reflexo lilás muito distante, mas ainda presente. lilás em tons de lembrança, só, que tudo era mais ou menos cinza.<br />lembro do mate tostado. desce da chaleira o torrente fervido e as folhas marrons sobem, descem e submergem num pequeno pandemônio aquático sob meu controle; antes mesmo do copo encher e acabar a derrama, a água já está toda manchada e escura da erva mate.<br />não aconteceu com você.<br />queria vê-la tingindo a água quente de violeta, e um violeta que perdurasse até o último gole. não houve mágica e a água mal mudou de cor quando mergulhou seus restos cinzentos.<br /><br />ao fim de cinco minutos de infusão estava lá um líquido ralo e numa cor talvez até mais clara que os chás de erva-doce. coado, transposto à xícara - seu cheiro impossível de negar.<br />diabos. o chá mais gostoso de todos, também o mais dolorido.<br /><br />a mentira: o cheiro e gosto me lembram do que aconteceu.<br />a verdade: a verdade é que a menor menção já me remete ao que eu (não) fiz. o resto é tortura. o resto é masoquismo.<br /><br />chega em casa o pacote manufaturado e vendido em atacado com suas flores secas e prontas para infusão - seu nome, "lavanda", impresso numa etiqueta; seu outro nome, "alfazema", gravado na memória e preso a associações diretas.<br />e você não chegou sequer a dar flores. enxergo você no pacote ainda assim - ali está um futuro seu que nunca vamos alcançar, as flores cinzas e secas e prontas para infusão, a promessa de um perfume, a imagem das manchas lilases sob a janela, sobre uma varanda. o cheiro e gosto que vêm depois me lembram sim da época em que você era verde (e não cinza) e passar a mão pelas suas folhas deixava meus dedos cheios de uma graça sem remédio, que não saía fácil.<br /><br />a metáfora:<br /><br />deus, permita que eu me perdoe por ter arruinado seus menores sonhos.<br />é uma súplica.<br />você queria ser verde e lilás, e eu lhe fiz cinza.<br />porque todos esquecem de regar as plantas e eu me comportei como um qualquer.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-77112124928757060412010-08-29T11:21:00.001-03:002010-08-29T11:22:51.936-03:00en gallop<p>And you laws of property<br />Oh, you free economy<br />And you unending afterthoughts;<br />You could've told me before<br /><br />Never get so attached to a poem, you<br />Forget truth that lacks lyricism, and<br />Never draw so close to the heat, that<br />You will forget that you must eat, oh...<span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;"><br /><br /><br /><br /></span></span></p><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Joanna Newsom</span></span><br /></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-25739702982680798622010-08-23T16:05:00.002-03:002010-08-23T16:08:29.601-03:00PoemaO grilo procura<br />no escuro<br />o mais puro diamante perdido.<br /><br />O grilo<br />com suas frágeis britadeiras de vidro<br />perfura<br /><br />as implacáveis solidões noturnas.<br /><br />E se o que tanto buscas só existe<br />em tua límpida loucura<br /><br />- que importa? -<br /><br />isso<br />exatamente isso<br />é o teu diamante mais puro!<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">(M.Q.)</span></span><br /></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-15375326254146242382010-08-13T19:51:00.003-03:002010-08-13T21:36:31.905-03:00o que é, o que é?só cresce, como o escuro cresce num céu de tarde e engole o mundo todo dia, mas cresce infinitas vezes mais rápido que o anoitecer.<br />cresce como um monstro, abraça mais largo e assombra mais perto que o anoitecer.<br /><br />e apenas cresce.<br />surge de dentro, acima da barriga, debaixo do peito.<br />faz mais nada além de existir.<br />é grande mas nunca ultrapassa sua pele.<br /><br />sua existência perturba.<br />sua existência não se explica.<br />sua existência não se resolve.<br /><br />espera-se que vá embora.<br />e só.zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-68272369084167393292010-08-06T00:08:00.001-03:002010-08-06T00:08:47.048-03:00o delírioA moça morena agora mistura seus dedos com os seus cabelos úmidos, revolve- lhe as ideias com movimentos suaves. Ele pega-lhe no braço, desfia seus dedos por aqueles dedos finos. A palma é macia. Junto da unha um pouco áspero. Encosta a boca no seu dorso e vai passando-a por todos os caminhos, minuciosamente, os olhos muito abertos na escuridão. A mão procura fugir. Ele a retém. Ela fica. O pulso. Fino e tenro, faz tic-tic-tic. É uma pombinha que ele aprisionou. A pombinha está assustada e seu coração faz tic-tic-tic.<br />- Este é um momento? Pergunta em voz bem alta. Não, já não é mais. E este? Já agora também não. Só se tem o momento que vem. O presente já é passado. Estire os cadáveres dos momentos mortos em cima da cama. Cubra-os com um lençol alvo, ponha-os num caixão de menino. Eles morreram crianças ainda, sem pecado. Eu quero momentos adultos!... Moça, aproxime-se, eu quero lhe confiar um segredo: moça, que é que eu faço? Me ajude, que minha terra está murchando... Depois o que vai ser de minha luz?<br />O quarto está tão escuro. Onde a Virgem-Mãe que a tia meteu-lhe na mala, antes da partida? Onde está? Sente a princípio alguma coisa movendo-se junto dele. Então na sua boca enxuta dois lábios frescos pousam de leve, depois com mais firmeza. Agora seus olhos já não queimam. Agora suas têmporas deixam de latejar porque duas borboletas úmidas pairam sobre elas. Voam em seguida.<br />Ele se sente bem, com muito, muito sono...<br />- Moça...<br />Adormece.<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">de <span style="font-style: italic;">O Delírio</span> (A Bela e a Fera, 1941)<br /><span style="font-style: italic;">Clarice</span></span><br /></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-34159399742081630332010-07-20T03:20:00.004-03:002010-07-20T03:26:10.506-03:00nessun dorma<span style="font-weight: bold;"></span><span style="font-weight: bold;"> Il principe ignoto</span><br /><br /> Nessun dorma! Nessun dorma! Tu pure, o Principessa,<br /> nella tua fredda stanza<br /> guardi le stelle<br /> che tremano d'amore e di speranza...<br /> Ma il mio mistero è chiuso in me,<br /> il nome mio nessun saprà!<br /> No, no, sulla tua bocca lo dirò,<br /> quando la luce splenderà!<br /> Ed il mio bacio scioglierà il silenzio<br /> che ti fa mia.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">le stelle</span><br /><br /> Il nome suo nessun saprà...<br /> E noi dovrem, ahimè, morir, morir!<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;"> Il principe ignoto</span><br /><br /> Dilegua, o notte! Tramontate, stelle!<br /> Tramontate, stelle! All'alba vincerò!<br /> Vincerò! Vincerò!<br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">puccini,<br />calaf,<br /><br /><br /><a href="http://www.youtube.com/watch?v=O0Sx5lbVlQA&feature=related">pavarotti</a>.</span></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-90825728937910212762010-06-28T10:09:00.004-03:002010-06-28T10:14:40.127-03:00cadafalsocada passo que dou hoje<br />caminhando para frente<br />não me levam para frente<br />mas pra longe.<br /><br />cada passo é um estanque<br />não parece caminhada<br />mas degraus de uma escada<br />prum palanque.<br /><br />cada passo soa falso;<br />num momento de inércia<br />o meu passo vira queda<br />- cadafalso.<br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span>metade de Junho, 2010</span><br /><a href="http://off-reality.blogspot.com/2010/05/cadafalso.html">metade de Maio, 2010</a></span><br /></div>zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-469847236972384433.post-68800417644572424602010-06-26T14:22:00.002-03:002010-06-28T15:01:28.024-03:00um canteiro só pra elesa título de registro, hoje transplantei a lavanda para um vaso maior. vai ficar nos fundos da casa, agora. metade dela está seca, a outra metade meio torcida; tenho medo de que mesmo com tudo novo, ela não sobreviva.<br /><br />por outro lado comecei dois novos canteiros.<br />hortelãs dividem espaço com calliopsis.<br /><br />os amores-perfeitos ganharam uma nova chance e agora tem um canteiro só para eles.<br /><br />~zé blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/01013056948179734449noreply@blogger.com0