Haikai é a arte de dizer o máximo com o mínimo. Uma forma poética que, de tão simples, é bastante complexa.
Neste post coloco minhas tentativas de Haikai, em ordem de nascimento. O primeiro foi escrito em meados de Março, provavelmente dia 23, e o segundo deve ter vindo no mês seguinte. Os dois últimos são bem recentes; respectivamente, o primeiro veio no começo da semana e o segundo no dia 25. Os títulos costumam chegar bem depois. No caso dos primeiros, veio só mês passado. Os que vieram agora tiveram títulos quase imediatos.
Ei-los.
Mil Leões
Abram os portões:
Quando a flor beijar a face
virão os leões.
Kiai
Encara o tufão
que parte do punho forte
do corpo em Verão.
Gaiola de Melro
Voai, andorinha:
Pois não sois de minha espécie
tampouco sois minha.
Súplica
Esta minha tola
tentativa de explicar-te,
ó, Chuva, perdoa.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Devo agradecê-la?
Estou aqui.
E aqui é o fim de todas as coisas. Onde tudo termina e ganha um novo começo. Aqui deveria ser um penhasco, mas se parece mais com uma varanda; uma varanda de um prédio num bairro tranquilo, próximo ao mar. O aroma é nostálgico, o silêncio é a lei - quebrada apenas pela panela de pressão e pelos talheres dos vizinhos, que enchem o ar com cheiro de almoço. A tarde de Domingo inicia-se, as crianças brincam na praia, e o vento brinca pelas folhas das palmeiras e coqueiros da calçada. Um belo fim, ao som longínquo das gaivotas sobrevoando a costa; é um excelente e propício ambiente para um novo começo.
Tenho mais nada.
E estou vazio por querer, e querer apenas estar vazio. Deixei quem amo, quem me ama, para estar só, comigo, na esperança de que compreenderiam minha posição, abrindo os braços e secando as lágrimas quando eu voltasse. Enquanto me abraçassem com força, diriam-me ao pé do ouvido, felizes: "Que bom que você voltou!", e eu sorriria por dentro, retribuindo o abraço. Mas meus braços estão vazios, e às vezes desconsidero a compreensão alheia que reside na minha esperança. Meus braços estão vazios. Meus braços deveriam estar vazios, mas repentinamente está você no meio deles, e eu lhe abraço. Você olha na mesma direção que eu, neste momento, e eu lhe enlaço e lhe juro proteção. Você ri. E eu imagino seu sorriso. Imagino seu cheiro, que se confunde com a maresia agradável e com os avisos de que a comida está na mesa.
A comida está na mesa. Mas ali você não está. Pois repentinamente tudo se dissolve em uma curta viagem, como se as horas, dentro do carro que volta pelas Serras, pela chuva e pela neblina, reduzissem-se a segundos de segundos.
Eis que estou aqui. Sentado na cama, olhando o chão, tenho mais nada.
Convenço-me. A Realidade, inexistente a nós, vencera outra vez.
E aqui é o fim de todas as coisas. Onde tudo termina e ganha um novo começo. Aqui deveria ser um penhasco, mas se parece mais com uma varanda; uma varanda de um prédio num bairro tranquilo, próximo ao mar. O aroma é nostálgico, o silêncio é a lei - quebrada apenas pela panela de pressão e pelos talheres dos vizinhos, que enchem o ar com cheiro de almoço. A tarde de Domingo inicia-se, as crianças brincam na praia, e o vento brinca pelas folhas das palmeiras e coqueiros da calçada. Um belo fim, ao som longínquo das gaivotas sobrevoando a costa; é um excelente e propício ambiente para um novo começo.
Tenho mais nada.
E estou vazio por querer, e querer apenas estar vazio. Deixei quem amo, quem me ama, para estar só, comigo, na esperança de que compreenderiam minha posição, abrindo os braços e secando as lágrimas quando eu voltasse. Enquanto me abraçassem com força, diriam-me ao pé do ouvido, felizes: "Que bom que você voltou!", e eu sorriria por dentro, retribuindo o abraço. Mas meus braços estão vazios, e às vezes desconsidero a compreensão alheia que reside na minha esperança. Meus braços estão vazios. Meus braços deveriam estar vazios, mas repentinamente está você no meio deles, e eu lhe abraço. Você olha na mesma direção que eu, neste momento, e eu lhe enlaço e lhe juro proteção. Você ri. E eu imagino seu sorriso. Imagino seu cheiro, que se confunde com a maresia agradável e com os avisos de que a comida está na mesa.
A comida está na mesa. Mas ali você não está. Pois repentinamente tudo se dissolve em uma curta viagem, como se as horas, dentro do carro que volta pelas Serras, pela chuva e pela neblina, reduzissem-se a segundos de segundos.
Eis que estou aqui. Sentado na cama, olhando o chão, tenho mais nada.
Convenço-me. A Realidade, inexistente a nós, vencera outra vez.
epitaph:
devaneios
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Felicidade
Quando enfim eu morrer e ouvir diretamente da boca de Deus (com aquele sorrisinho maroto, sempre) que eu realmente passei minha vida inteira sendo sacaneado por forças maiores, ficarei feliz, por ser talvez uma das únicas coisas da qual eu tivesse certeza, em vida.
Que fique esclarecido:
A vida é ótima, apesar das sacanagens. Mas nos momentos em que penso, indignado (e não mistificado), "... como pode, isso acontecer?", tudo parece uma bobagem desnecessariamente grande que não vale a pena desenvolver.
Já já saio do meu hiato criativo.
Abraços.
"Keep walking".
~ ~ ~
Que fique esclarecido:
A vida é ótima, apesar das sacanagens. Mas nos momentos em que penso, indignado (e não mistificado), "... como pode, isso acontecer?", tudo parece uma bobagem desnecessariamente grande que não vale a pena desenvolver.
Já já saio do meu hiato criativo.
Abraços.
"Keep walking".
epitaph:
bobagens
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