segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Cavalo de Pedra, Cavaleiro de Ferro, Fantasia Impalada

Hoje, melhor dizer "agora", interrompi um sonho. Acabei de fazê-lo.
Dez voltas pelo quarto, imaginando - o típico início de um devaneio em plena luz da consciência. E o impedi de prosseguir. Parei. Pensei. Deitei-me e comecei a ler um livro. A leitura, no entanto, não me distraiu, pois não parei de pensar.
Que dera em mim para ter estancado um sonho como tal?
Medo? Medo. Medo, Precaução?
É. Eis que renego um aspecto infantil do Sonhar: a Fantasia Lúcida, dificilmente saudável. Temo pelo seu excesso. Temo pela sua simples (in)existência, pois ela implica, por si só, em um excesso concreto cometido, onde sonho, desejo e obsessão voltam a ser um só para atormentar o ser com esperanças inválidas e cansativas.
Abstraio. Sou cavalo de pedra, absorvendo o veneno, e dele criando um antídoto. Precavido, acalmo o corpo; ignoro as chances de sucesso para garantir as de sobrevivência, e, assim, volto a exigir do cansaço a extinta paciência.
E ela surge, como que invocada por um ritual. Agora cavaleiro de ferro, decido partir à luta. Confiante da batalha mas impedindo toda e qualquer célula do corpo de fantasiar a vitória.
Se esta - a vitória - for alcançada, na luta, na guerra, eu a conhecerei. E será apreciada, como virgem que deve ser, de verdade. Não será permitido que se sonhe com ela antes que ela chegue; jamais o Desejo me fará contente com os Sonhos que tenho, apenas.

Nenhum comentário: