sábado, 29 de maio de 2010

o pior.

e a internet ainda é o pior paradoxo de todos.















o pior.


tem essa forma de não-dormir. não durmo, e não durmo faz tanto tempo que até dói admitir.
parece que a única coisa que resta não é dormir, mas desistir dos dias.

dormir e desistir são coisas tão parecidas que quase ninguém percebe a diferença.

sábado, 15 de maio de 2010

cadafalso

cada passo que eu tenho dado

pensando em ir pra frente

não me levam para frente

mas pra longe.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

irmão de alma, coração-drummond

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.


[...]

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

vida seca.

iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. [...] estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era.


Graciliano Ramos, em Vidas Secas.

sábado, 8 de maio de 2010

só um ônibus. só.

Entre linhas.
Fim do Caderno.
Letra desequilibrada.
Espia-se por sobre o ombro.
De canto dos olhos.
Como eu também faria.
Não.
Não estou bêbado.
Minha letra não é feia.
Não estou triste.
Nem choro.
Só estou num ônibus.


Não preciso, aliás, estar bêbado para fazer o que for.
Faço sóbrio.
E só.

Destruir-se ébrio.
Com o álcool destruir-se, aliás.
Não - é tampouco necessário.
Dia vai, dia vem, e destruo-me sozinho nos decorreres.
Sóbrio.
Faço sóbrio também.
E só.

Talvez haja valor no fiasco afogado no copo.
Talvez não doa tanto.
Talvez não doa.


quando foi isso?
março de 2010, acho.