domingo, 18 de maio de 2008

Quem Tem Medo?

Sem medo.
O medo é a última coisa que a gente perde. Quando perde o medo, já tem mais nada a perder.
Mas ele ainda tem. Tem o que perder (e acreditem quando eu digo, é muito), tem portanto medo. Tem então que reformular seus conceitos: se tem o que perder, tem medo e não pode ser destemido como se expressa.
Aprendeu a conviver com o medo recentemente (aprendeu?). Sabe quando pode e deve coagir, usar e quebrar o medo ao bel-prazer. É o seu triunfo.
Não, retorno. Reitero. É ninguém, na verdade. Chegou a um patamar de ilusão que é por ventura capaz de enganar a si próprio. Enclausurado em seu pequeno mundo de fábula, ele crê na própria força como capaz de domar o medo. Se dorme, acorda cedo (nem) todo dia. Começa com o maior dos esforços e se levanta, contorcendo o corpo: a barba que ostenta tem peso quase insustentável. Reclama; garganta-reclama, pigarreia. Pinta no espelho o próprio retrato, de olhos que fulguram poder; o pincel são dedos e línguas, tinta sangue suor saliva, lágrimas-pûs das feridas e cabelos do ralo (que na verdade são os próprios). "Ei-lo", confere. Eis ali a imagem que enxerga de si. O homem (garoto, que seja) tão sangue tão suor tão saliva, tão pûs - um constructo de feridas, um golem de carne-viva; porém, vivo. Escoriado, porém, vivo. Preserva as olheiras e conserva as lágrimas, arranca os cabelos a cada escovada, jamais se olha nos olhos (verdadeiros). Poderoso, foge de casa. Corre. Perseguem-no, mas ele corre. S'esconde. Erra a gramática mil vezes, erra a hora, erra o lugar, erra as pessoas. (Pois) corre. Confiante de ter seguras as rédeas do medo, aquieta-se. Escuta. Quer tornar a maré a seu favor, e absorve tudo. Finge saber o que faz, cala a boca e escuta. Acredita que seja normal. Doma o medo (claro que doma). Corre se esconde. Corre o dia inteiro. Morre o dia inteiro. Arrasta-se no fim, de volta; é filho pródigo, é independente, é emancipado - é um grande idiota.
Não é pacto o que ele fez com o medo. O medo não pactua. Não, retorno. Reitero. O medo pactua sim. Ele abre a coleira e lança a máxima: "Vai entrar ou não?".
Aí você aceita.


Zé Eduardo Martin Roquetti


~ ~ ~




Dia a dia, há uma lição quase concreta.
Diariamente, quero dizer, a lição de sempre se renova.
São novas linhas (novas entrelinhas, portanto) e mil-e-uma merdas a mais, cuja veracidade deve ser discutida de imediato.
Aprender a lição não é concluir, mas compreender, talvez?
Não sei. E essa é uma resposta miserável. Ela declara (sem minha permissão) que meu final de semana rendeu aprendizado nenhum. Ou, que, na verdade, aprendi. Tardiamente. Sim, uma lição que deveria ter captado antes.
Desgostoso, decido abandonar algumas coisas.
[...]
Pronto, abandonei.
Talvez vocês percebam, talvez não.
Ainda levo meu celular no bolso (todo dia, junto com a barba), talvez cheque meus e-mails uma vez ou outra. Estou por aí de novo.
Que se quiserem que eu explique tudo isso, que me procurem por aí. Por "aqui" não sou mais. E sem exigências. Queriam que eu dissesse mais o quê? Isso é um blog. Aliás, isso é o meu blog.
Sinceridade, vamos - esperavam mais? =)

Abraços.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nada esperava...
Nada mais eu espero.

Só não pretendo perdê-lo de vista. Só isto.

.
..
Tami, invadindo Teu blog.
...

Anônimo disse...

Medos e lições.
Gosto de ler coisas que podem ser aplicadas ao meu cotidiano, principalmente quando não são tão boas coisas [será?].
Quando olhamos com desdém para elas, vem o Zé e mostra.
:D
ps.: mas sem a barba, claro. ^^

Anônimo disse...

Tami, que possessiva!
AHUEHUAHUEHUA, num dia em que a gente se ver, lembre-me de te contar sobre o barco que viaja pra além do horizonte. Claro, se nunca tiver ouvido sobre.

Claudia, a verdade vem a cavalo (com barba). Sim, está intimamente relacionado a Chuck Norris.
Eu não mostro nada. Ocasionalmente, as tripas. Aprecio quando passam para vê-las. =)
Cotidiano é um monstro. Dia ou outro você precisará despistá-lo, e quando esse dia chegar, é bom que esteja acostumada à barba - você precisará vesti-la. :9