quinta-feira, 2 de julho de 2009

to struggle

'Tis vain to struggle - let me perish young -

Lord Byron
das Stanzas to the Po

*

to struggle.
"to struggle" é vocábulo do inglês. parece que é traduzido frequentemente como o ato de se esforçar.
esforço. luta.

eu acho que a tradução faz pouco e que não existe correspondência exata, no português, pra struggle.
mas é porque, confesso, tenho toda uma pré-disposição a me insatisfazer com a suposta incapacidade da tradução; struggle me lembra visual e foneticamente o verbo estrangular. é por conta disso que acho feeling numa palavra talvez normal do inglês, é por conta disso que acho que suas traduções falham por não captar todo desespero existente nesse esforço, nessa luta.

porque aqui, pra mim, esforço é vulgar, luta é vulgar. não como struggle.
struggle é o peixe fora d'água, se debatendo pra voltar ao seu lugar a todo custo, mas já caiu na rede e da rede não sai mais.
struggle são os braços de quem é atacado por um travesseiro durante a madrugada, os braços que avançam cegos contra o atacante e jamais alcançam ponto vital, liberdade.
struggle é sufoco, asfixia.
struggle é desespero.
é esforço irresoluto.

struggle é convenção; a convenção à qual todos aderiram - de chamar tudo isso de "vida" sem a menor consciência de que são, na verdade, tempos confusos demais.
não é vida, é struggle.
struggle porque alguém fez o favor de lançar véus no mundo e do mundo fazer privada. a descarga são sonhos, dos quais acordamos perdidos e pesarosos pela efemeridade. assim começa o dia, então, e o dia inteiro faz-se da frequente necessidade de arrancar os véus de todas as coisas, mesmo que todas as coisas tenham muitos véus ou nenhum, há o desejo de arrancá-los sempre.
struggle não é somente estar nesse mundo, mas acordar do devaneio que a convenção cria e achar que, se há um motivo pra vida, é descobrir o que é verdade e o que é mentira.
e essa perda de tempo, caros, não é vida.
é struggle.

Nenhum comentário: