terça-feira, 16 de junho de 2009

os leões

eu vadio, pai do filho d'O Homem sem ser pai de fato.
não fosse carpinteiro, seria vadio.
domador de leões.

vocês leões.
quem de escravo subiu à biga e esmagou as traições,
enchendo-se das graças e milagres à distância.
quem tomou três pedras e derrubou o gigante,
para ver morrer seu reino diante da promiscuidade e desimportância.

leões que me cercam na cova, reis poetas do passado.
eu mesmo tenho juba e olhos ferinos,
eu mesmo faço cerco ao meu corpo acuado, em mais de uma face.
meus leões eu dobro num voleio de meus farrapos cansados
- vocês eu encaro, sorvo da juba d'ouro sem tocá-la,
sofro a pane de cruzar-lhes os olhos sem recuar.
judá, e quem sobre o trono de judá reinou, reis poetas;
caiam por terra que já não me importam mais.

só sobrevivem hoje meus leões, dobrados e quietos nos bolsos.
mas passear por aí
passear por aí é como andar com meus leões soltos.

Nenhum comentário: