segunda-feira, 8 de junho de 2009

palavras como nós

como se fôssemos obra, uma obra só.
eu papel, eu caneta, eu tinta; você papel, você caneta, você tinta.
nós palavras, e nós palavras impossíveis de apagar, pois não se apaga tinta.
depois de escrita, a palavra a ninguém mais pertence.

nós palavras, como se fôssemos fruto das desvirtudes da hilda, do caio, quase sem vírgula, quase sem pausa para respirar; contínuos, éramos palavras de fôlego forte, de vontade, segredo (sem dúvida) de mesmo mote. nós palavras éramos prosa hilst, com medo dos pontos finais, com medo dos pontos sem nós (sem nós!); acontecíamos ao mesmo tempo agora presente, agora, presente, tudo ao mesmo tempo agora. nós palavras, texto natural, imoral, casual, passional - o crime que bem quiséssemos, fosse crime agir de impulso, crer na entrega e a entrega se tornar. cometido o crime, nós palavras éramos cúmplices.

toma os instrumentos
(eu papel, eu caneta, eu tinta; você papel, você caneta, você tinta)
toma a prosa
(eu papel, você papel, eu você, eu tinta, você tinta)
e nessa prosa ouve de perto quem sussurra:
"eu você, eu você, eu você - nós como palavras".
bota em verso
distribui pelos dias da semana
(da semana)
que cada estrofe um dia é
(pois é).
você é ana, eu sou zé.

então curta cada verso com calma,
que essa história de verso combina:
eu você, eu você - nós palavras de alma,
eu você, eu você - nós palavras de rima!

... que rima!, ai palavras, que rima!

uma vez fomos prosa, outra seremos verso,
uma vez somos texto, outra vez, o inverso.
acho que ponto sem nós eu não dou.
azar esse o nosso se num dia desses
o ponto conosco rimou.

Um comentário:

Aninha Terra disse...

Tantos nós em nós!
vou checar teu blog!
abraços