sábado, 1 de agosto de 2009

"ou sorrindo.", detalhe.

Além de continuar o que quer que eu esteja fazendo, agora é apertar os olhos, cruzar os dedos e abraçar os joelhos pra que hoje e ainda amanhã eu também esteja num lugar mais morno, apertado e aconchegante do que esse vasto e laminado quarto.

mais morno, apertado e aconchegante do que esse vasto e laminado quarto.

do que esse vasto e laminado quarto.

esse vasto e laminado quarto.

esse vasto e laminado quarto, mais vasto e mais laminado que uma planície em tundra, mais que o capim seco posto à prova por uma geada. qualquer nevasca é mais morna, apertada e aconchegante que esse vasto e laminado quarto.
nem quando entro o espaço ganha calor de vida, pois é como se tudo ali tivesse morrido há tempos e todo o recinto sido enterrado sob sete palmos de terra, pois luz nenhuma de sol nenhum parece bater às janelas para aquecer a inércia dali. fecha-se a porta e sobe um vento frio, deita-se na cama e ela te recepciona com um beijo gelado, independente de quantos edredons e cobertores deitam-se sobre você.
as paredes distanciam-se umas das outras, distanciam-se de quem lá dentro habita até deixá-lo só com seus próprios demônios; eis que o quarto é vasto, extenso até aonde a vista e o medo alcançarem, e sua grandeza inspira que o horizonte se torne ventania de folhas-lâminas de gelo seco em avanço feroz, voraz, punitivo.

cortam-se quaisquer pares neste vasto e laminado quarto.
neste lar só vive um.

2 comentários:

Aninha Terra disse...

Gostei das palavras, rendeu a noite, produtivamente literária!
Morna, vasta e só!!!
Vasto, vasto mundo...

Fernanda disse...

Vezenquando me encontro na redoma de papéis onde escrevo meus medos e desejos em caneta bic, lá nionguém entra.

Beijos